Quanto eu tinha 14 anos, meu pai me pegou pelo braço e me
deu um ultimato: Queria que eu procurasse um emprego, porque ele não queria
criar um “filho vagabundo”, segundo suas
próprias palavras. A partir desse dia, comecei a procurar um emprego formal,
com carteira assinada, para me manter e comprar meus materiais escolares,
embora já fizesse alguns bicos de garçom, num restaurante na minha rua
recebendo uns trocados e o almoço como forma de pagamento.
Numa cidade pequena não existiam muitas empresas e opções de
trabalho. A única que me recebeu foi uma fábrica de calçados, distante 1.5 km
da minha casa. Comecei então a trabalhar na produção da fábrica das 6:50 as
11:45 e das 13:15 até as 17:45. Depois disso, corria pra casa pra tomar um
banho e voltar pro centro para a aula do colégio.
E assim foram seis longos anos até que um dia decidi mudar essa história toda. Depois de inúmeras e fracassadas tentativas de mudar para uma outra empresa do grupo* e de conversar com o gerente sobre isso, fui direto na sala do diretor. O dono da empresa.
*A outra empresa do grupo era uma indústria de cartonagem e eu sabia que tinha uma área de desenho dentro dessa cartonagem e era lá que eu queria e insistia em trabalhar.
Ele me recebeu com surpresa mas me prometeu uma resposta. E três dias depois me chamou à sala dele para uma conversa...
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