sábado, 18 de dezembro de 2021

 

Quanto eu tinha 14 anos, meu pai me pegou pelo braço e me deu um ultimato: Queria que eu procurasse um emprego, porque ele não queria criar um “filho vagabundo”,  segundo suas próprias palavras. A partir desse dia, comecei a procurar um emprego formal, com carteira assinada, para me manter e comprar meus materiais escolares, embora já fizesse alguns bicos de garçom, num restaurante na minha rua recebendo uns trocados e o almoço como forma de pagamento.

 

Numa cidade pequena não existiam muitas empresas e opções de trabalho. A única que me recebeu foi uma fábrica de calçados, distante 1.5 km da minha casa. Comecei então a trabalhar na produção da fábrica das 6:50 as 11:45 e das 13:15 até as 17:45. Depois disso, corria pra casa pra tomar um banho e voltar pro centro para a aula do colégio.


 Mas o que já era difícil, pioraria depois de um tempo. A fábrica se mudou para um bairro, bem mais distante. Agora seriam 4 km pra ir e mais 4 para voltar. Pelo menos nessa época, a carga horária de trabalho mudou de 48 para 44 horas semanais e deu uma folga, porque o dia todo em pé, com uma guarda-pó de lona, embaixo de um telhado de zinco, sem sequer um ventilador, era sufocante e uma tortura diária.

E assim foram seis longos anos até que um dia decidi mudar essa história toda. Depois de inúmeras e fracassadas tentativas de mudar para uma outra empresa do grupo* e de conversar com o gerente sobre isso, fui direto na sala do diretor. O dono da empresa.

*A outra empresa do grupo era uma indústria de cartonagem e eu sabia que tinha uma área de desenho dentro dessa cartonagem e era lá que eu queria e insistia em trabalhar.

 Ele me recebeu com surpresa mas me prometeu uma resposta. E três dias depois me chamou à sala dele para uma conversa...


0 comentários:

Subscribe to RSS Feed Follow me on Twitter!